quinta-feira, julho 12
trecho do trabalho sobre Heráclito: "À experiência da origem"
O pensamento, em sua morada própria, em seu fazer-se primordial, arcaico, parece ser, para a cultura dominante sempre um mal-estar. Deveras, não é nada fácil distinguir os sinais de cura e/ou adoecimento de cada febre; mas, além disto (já que hoje em dia somos tão bem-informados) a questão parece ser que se for permitido a qualquer um que pense livremente, não demorará muito a que se pronunciem "por aí" estes "tipos" de pensamentos "livres e desagradáveis", causando um mal-estar coletivo e, consequentemente, perigoso. Segundo Freud, trocamos imensas possibilidades de contentamento por muito pouca segurança. É certo que, apesar de todas as conquistas do tão festejado desenvolvimento da civilização técnico-científico-industrial, os seres humanos continuam com a mesma, e cada vez mais exacerbada, percepção de si e da natureza enquanto objetos a serem dominados... Esta é a desmesura (Hybris), que parece acompanhar e se desenvolver junto com a história do pensamento no Ocidente, a história do esquecimento do Ser. O pior dos incêndios, talvez exatamente por permanecer imperceptível a arrogância humana. É preciso obedecer, isto é, é preciso estar à escuta e à espera do inesperado - fazer a cama em suas proximidades, pré-parar todo o fluxo do pensamento para, enfim, deixar o extraordinário brilhar e presentificar-se aonde sempre já esteve: no ordinário. Afinal, como alguém poderia manter-se encoberto face ao que nunca se deita?
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Um comentário:
lendo esse texto, lembrei de recomendar um blog que gosto muito: http://doispontospontocom.blogspot.com/
acho que vocês vão gostar.
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