domingo, agosto 20

fernando pessoa

Das inúmeras tentativas de se compreender a figura poética de Fernando Pessoa, esse poema de Dummond me pareceu a que chegou mais perto, dispensando toda uma livralhada acadêmica sobre ele.

SONETILHO DO FALSO FERNANDO PESSOA

Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.

Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.

Nem Fausto nem Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso oaristo,

eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.

Drummond tem um domínio tão íntimo da técnica que, se nao soubesse que esse poema era dele, diria que pertencia a Fernando Pessoa!
Está em seu livro 'Claro enigma', dedicado(se nao me engano)ao próprio Fernando Pessoa.

Um comentário:

Gabriel Carvalho disse...

com certeza groba.
mas os melhores poemas dele são os que fogem dela