Das inúmeras tentativas de se compreender a figura poética de Fernando Pessoa, esse poema de Dummond me pareceu a que chegou mais perto, dispensando toda uma livralhada acadêmica sobre ele.
SONETILHO DO FALSO FERNANDO PESSOA
Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.
Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.
Nem Fausto nem Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso oaristo,
eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.
Drummond tem um domínio tão íntimo da técnica que, se nao soubesse que esse poema era dele, diria que pertencia a Fernando Pessoa!
Está em seu livro 'Claro enigma', dedicado(se nao me engano)ao próprio Fernando Pessoa.
domingo, agosto 20
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Um comentário:
com certeza groba.
mas os melhores poemas dele são os que fogem dela
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