domingo, outubro 22

Parece muita loucura que as maquinas venham a dominar a humanidade?
Toda aquela historia de inteligencia artificial e a raça humana dominada, dependente e escravizada...besteira...
O que me irrita é pensar que nem foi preciso essa dita inteligencia para que ela enfim nos dominasse.
Olha eu aqui em frente ao comutador!
E seu celular tocando, atende ai pra ver quem é!
A TV, a geladeira, o DVD...
Voce vive sem ela???
Ah! A maquina
Ah! A tecnologia
Ah! Esse dito progresso...

terça-feira, outubro 17

Segunda independência

Será que agora o Aeroporto tornará a se chamar 2 de Julho, data símbolo de nossa independência aos portugueses, quando finalmente o coronel Madeira de Melo tombou nos campos de Pirajá? Pode ser, mas fica ainda uma outra data a ser avaliada, uma independência mais recente, a de 1 d outubro, quando outro coronel finalmente caiu....

quinta-feira, outubro 12

Uma velha história

Os povos
Que povoaram
Os povoados
Despovoados
Não se entendendo
Tenderam
A tremendos
Desentendimentos
E divididos
Dividiram
Os dividendos
Em divisas
Cerceadas
Certamente
Por certos
Desacertos
-
Até o tempo
Das tensões
Intensificarem-se
Tanto
Que o frenesi
Sobre as fronteiras
Fraudadas
Foi a fresta
Da nomeação
Dos não mais
Nômades
Por monarcas
Que ungidos
Regessem
As regalias
De regime régio
-
A língua
Liquefez-se
Em linfa
De linhagens
Absorvidas
No absurdo
Abstrato
Do absolutismo
E vieram eras
De erários
Heráldicos
Erigind0
Avassaladora
Vassalagem
Aos vorazes
Vizinhos


Às cidades
Ex-servos
Seguiram
Soerguendo
A encolhida
Economia
Em contas
Continentais
E dos burgueses
Borbulharam
Aos borbotões
Bacharéis
Liberais
Libertinos
Iluminando
A liberdade
-
E incontidos
Construíram
Uma constituição
Consagrando
A inalienável
Ilusão
Sem limites
Da Lei
Donde os istas
Socialistas
Anarquistas
Capitalistas
Descamaram-na
Em disputas
Desorientadas
De ordem
-
Autoridades se
Auto-autorizaram
Autores
De átomos
Emboscados
E emborcados
Em bombas
Nos bombardeios
Incessante mente
Insones
E insensíveis
Em solo
Dos povos
Que povoaram
Os povoados
Despovoados

segunda-feira, outubro 9

Ah, Vinícius...

A um passarinho

"Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.

Deixa-te de histórias
Some-te daqui!"

V.M.

Herois e Heroidades

inaudivelmente
repleto-me de aventura
atos, porcos imundos, espreitam-me,
mas ainda assim prossigo

Em cima, projeto meu forte braço
em rostos aflitos, mas maldosos
- sejam burgueses, ladrões, assassinos ou
donas de colégios stalinistas-
e vejo suas faces esfacelarem

quase rapido e inteiramente leve
pulo de copa em copa a procura
do fugitivo,
Em vão. O descubro dentro de minha casa
o mato?
não, diz meu coração. E por piedade o obedeço.

Mais a frente
projeto meu sonho no coração das crianças
e digo que no final há esperança

mas e daí?
retorno a meu quarto e minha cama...
E sozinho digo a mim mesmo
que, na verdade,
não sou Robin Hood

quinta-feira, outubro 5

ah! Essa tal verdade ainda há de matar, se antes não me levar à loucura.
Por que tinha que ser tão cruel?
Tu verdade, tira meu sono, minha paz, minha alegria.
Me persegue noite e dia

E me fere aos poucos
Em pequenas doses
Rir-se de mim?
Deve-te ser mais divertido assim
Posto que de vez, talvez não pudesse suportar.

Há não muito atrás
Pedi por ti senhora
Que agora me devora
E não me deixa em paz

Poderá o que mata curar?
É do veneno da cobra que se tem o antídoto para sua mordida.
Qual o antídoto da verdade?
A mentira?
Ou a não-verdade?

terça-feira, outubro 3

Uma piada

Voltando do colégio, o menino não aceita a tarde para estudar. Dorme derreado na cama. A mãe:
--Levante!Vamos, trate de estudar!Saia dessa cama!Já disse, basta somente reler agora o que foi passado na sala de aula.Por exemplo, hoje, o que você aprendeu?
--O que é um nematelmíntio.

segunda-feira, outubro 2

"Procura da poesia"

De súbito ele teve a idéia de um poema para sua namorada. Achou-o bom, nutriu esperanças, porém repensou antes de ir sentar-se à mesa para ver se outras assomavam ao seu encontro. Poderia ser dessas de se matutar na cabeça mesmo, em pé, cotovelos na janela do apartamento. Uma fina fatia da lua se insinuava para a noite, desabrochava. A coruja da rua, cautelosa, escondia-se por entre a copa da jaqueira. Sabia que os cavalos que comiam grama no terreno baldio intimidavam sua presa. Latidos de cachorro ecoavam, renitente. Ele não via muito sentido naquilo, mas ao menos esse cenário lhe era mais inspirador que o retângulo da mesa gasta: parcos recursos para sua menina. Acendeu um cigarro, esse amigo da poesia, pensava—as baforadas brancas rapidamente diluíram-se na escuridão em ligeiras névoas. Sem pensar, foi à cozinha, abriu a geladeira, meditou um momento, imóvel. Segredou nicotina gasosa para dentro dela sem sequer notar e a fechou em seguida: a imaginação esfriou. “Como que as idéias são feito quiabo, escorre por entre os neurônios”, concluía—já nem lembrando mais de que se tratava. Voltou para a janela do quarto. Teve de se esforçar para ressuscitá-la, para resgatá-la do labirinto lírico em que estava perdida: ela voltou não explicando de onde; e para sua surpresa retornou amigada de outra, um par, um casal, pronto para gerar uma fecunda prole. Ele entusiasmou-se!, seria uma linda poesia para sua namorada! Mas moderou seu contentamento, conservou-se ainda na busca da palavra perfeita, da imagem azul, do perfume almiscarado, ela merecia, as pernas dela lhe eram imperativos poéticos. A vontade era de pegar um ônibus e arremessar-se em seu corpo e queimar-se abraçado em suas coxas abrasadas, perdido no calor da inspiração que chegava...que vinha, que estava perto, bem perto....cheiro bom. Entretanto, sem explicação convincente, novamente abrandou seu entusiasmo. Não queria acordar pela manhã e perceber que a poesia não lhe agradara. Isso lhe dava medo, angústia, diminuía tudo a sua volta. E sua namorada, que pensaria!?Seu pai entrou no quarto, pedira-lhe que trocasse o gás do fogão, queria comer o carneiro de ontem, e que depois fosse pegar o garrafão de água lá embaixo, no carro. Quebra abrupta da realidade: fez tudo que lhe pedira o pai sem pensar em mais nada: metáforas, coxas, corujas, mesas gastas e o resto retomaram seu lugar, mas sem saber o amor lhe corria pelo sangue...

CArlos Drummond de Andrade

No inicio o mundo era turvo
e deus disse
faz-se Drummond
e a poesia veio para desinturva-lo

Fauna é minha colega de sala
tão bonita e dura face.
Bocas carnudas, labios rosados
amor feito a ferro
- e fogo também-
amor de trás das paredes
em lugares obsequiosos
e bastante escondidos.

Ainda hei de fazer

No dia do nascimento Drummoniaco
Poesia nada era humana e Brasil
nada era belo
românicos, parnasianos, cadeiras, mesas
Papel concreto.
Alvaro de campos?
morto bunclaclaclac
martelo.

Faz-e ciência, rezas, presas e filosofia,
mas poesia!
Está morreu com Drummond.

E de que adianta?
nascem-se novos poetas
novos pelés e novos meio-dia´s...
a cada instante
dura perda nasce em estanque
e estancada há de ficar.

domingo, outubro 1

é bem verdade:
sinceridade não agrada ninguém.
mas gostaria de atingir-lhe
com a profundidade de meus sentimentos
por puro sadismo...