terça-feira, janeiro 30

mas... como?
ainda não haviam palavras,
do rebuliço em minha cabeça,
ainda não haviam imagens?!
]
se possuo, ensanguentado,
meu próprio sono
minha própria casa
antes de me perder...?

e nos momentos em que desapareço
já imaginaste
que tipo de vento me carrega?

desculpe, tenho mesmo pressa...
à poesia não importa os papéis
e à cabeça não importa o poema.

(siga o coelho branco...)

gostava de deixar escorrer entre os dedos...
por um princípio, quase abstrato,
não posso conter meus sorrisos...
explica, vai
não era tudo tão simples?
de noite, esquina, por acaso?
...

quem diabos inventou esta palavra?

segunda-feira, janeiro 15

Sequelado amor II

Tenho de acabar de vez
Com essa pressa de te ver
Que me esquece o guarda-chuva,
Por causa dessa insensatez
Meu Deus, nem quero dizer:
Já resfriei, gripei, em suma,
Caí de cama um dia ou três
Com essa pressa de te ver
Que me esquece o guarda-chuva.
Pois se isso torna a acontecer,
Ah, esses dias me viram mês!
A saudade vai pras alturas!
A tristeza volta a entristecer!
Eu fico que nada me cura!
E assim, por ficar sem te ver,
Na cama encolhido a tremer,
Descorado e quase sem tez,
Que é castigo pela culpa
De insistente insensatez,
Acumulo o querer te ver
Que me cresce a ponto de esquecer
O danado do guarda-chuva

sexta-feira, janeiro 12

verbos: transitivos diretos, indiretos ou não

sorrir, correr, comer, sofrer, ter, poder, colher, escolher, saber, torcer, distorcer

armar, chorar, cair, morar, soltar, partir, voar, sonhar, durmir, acordar

crer, perder, entender, perceber, pensar, concretizar, dividir, compartilhar, desapegar, pegar, calar, colar, esperar

recortar, costurar, criar, recriar, morrer

viver, deixar, viver

Poesia, amor, origami.

Quero a primeira poesia do ano cheia de esperanças,
Esperanças de uma nova poesia.
Simples como convém a uma poesia que deve abrir o ano,
Simples como essa vitamina de banana que tomo agora,
Com pedaços da fruta bem grandes como esses,
Pra que com isso ninguém venha tergiversar se poderia ser de outra fruta.
Não, é de banana. Está claro que é de banana. Não vê?
Uma poesia simples.
Mas a simplicidade do mais delicado origami.
Um origami que a um leve toque se desmanche em nuvem e daí venha a tarde.
Por que o amor é simples e é embaraçado como o origami.
Quando um atrasa, depois é a vez do outro.
Um não liga, amanhã não há ligações.
Um tem ciúme, ah, e se o outro não retorna esse ciúme então...
Se um diz talvez, o outro diga sim.
Tudo que nem as dobras do origami: vá pular uma pra você ver o que acontece.
Dobra aqui, acolá, liga uma ponta com outra, deixa uma orelha de papel pro fim...
Origami é coisa complicada.
E a poesia vai-se fazendo nova por entre as dobras desse objeto que se desmancha em nuvem

quinta-feira, janeiro 11

ouvi dizer: mente vazia, casa do diabo.
mas a minha nunca chega a estar realmente vazia; o diabo já está sempre à sua porta.
ORQUESTRA INVISÍVEL:
“SABIÁ COM TREVAS”
dias 16 e 30 de janeiro e 6 de fevereiro (terças)
Teatro Sesi, Rio Vermelho 20:30
R$:5 e 10

De onde vem aqueles ruídos, aquelas palavras?... Para onde estariam indo, nos levando? A música que se presentifica, que brota do invisível, onde começa e onde termina sua orquestra? São por acaso nos tímpanos, que lhes produzem e acolhem, na pisada de nossos ancestrais, no borbulhar das ruas? Sem dúvida, espécie de vazadouro para contradições, buscamos imergir em sua força vital, e, como parte de um fractal, escutar e dizer em consonância. Encruzilhada entre diferentes modos de ser, abertura para a experiência do inesperado, dizem ainda daquilo que está em volta, invisível porque visível. A cada dia, permeada de novas palavras, novas vozes, novas experiências, nova música. Mas... de onde é que ela vem?

domingo, janeiro 7

O vassoureiro

Cantos escuros no quarto. Teias.
O vento espalha as cinzas do cigarro.
Os livros estão cobertos por poeira
Acumulada de meses sem trato.

A noite não concede raios
Que denunciam pós voadores,
E a acumulação do fungo vário
È cega a olhos sem cores.

È manhã: vou dormir sem ar...
Mas a aurora anuncia novo meio:
Olha o vaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaasoureiro.