segunda-feira, agosto 27

precisão

que é quando tu me olha e eu me lembro
e palavra nenhuma precisa não
mesmo quando tu fala, mesmo sem sentido algum
precisa não, e já entendi no tom, calor, compasso, tal
é qualquer coisa
eu e você, e já nem precisamos, quase nunca.
encosta aqui a cabeça no meu peito e os cabelos nas minhas mãos
que a gente dorme num instante
é quase tudo
e quando eu venho com o amor pra te dar
você chega e me dá essa felicidade.

terça-feira, agosto 21

=D (gastando...)

computador
computa - dor
computa - a - dor
com - pu - ta - dor
com - puta - dor

domingo, agosto 19

weiter gehen...

...Enquanto permanecemos no conhecimento intuitivo, tudo é para nós, lucido, seguro, certo. Aqui nem problemas, nem duvidas, nem erros, nenhum desejo, nehum sentimento do além; repousa-se na intuiçao, plenamente satisfeito com o presente. Tal conhecimento basta-se a si mesmo: além disso tudo que dele procede simples e fielmente, como a verdadeira obra de arte, nunca se arrisca a ser falso ou desmentido, visto que ele não consiste em uma interpretação qualquer, ele é a propria coisa. Mas com o pensamento abstrato, com a razão, introduzem-se, na especulação, a duvida e o erro, na pratica, a ansiedade e o arrependimento...

...Além disso, é impossivel chegar a um conhecimento intuitivo e absolutamente evidente da sua propria natureza; a ideia que se pode fazer é ela propria abstrata e discursiva. Seria, pois, absurdo exigir uma demonstraçao experimental, caso se entenda por experiencia o mundo exterior e real, que é apenas representaçao intuitiva: é impossivel colocar essas questoes debaixo dos olhos ou apresenta-las a imaginaçao, como se fossem objetos perceptiveis aos sentidos. Concebem-se, não se percebem , e apenas os seus efeitos podem cair sob o dominio da experiencia...

Schopenhauer - O mundo Como Vontade e Representação

sexta-feira, agosto 17

Devemos sempre dominar a nossa impressão perante o que é presente e intuitivo. Tal impressão, comparada ao mero pensamento e ao mero conhecimento, é incomparavelmente mais forte; não devido à sua matéria e ao seu conteúdo, amiúde bastante limitados, mas à sua forma, ou seja, à sua clareza e ao seu imediatismo, que penetram na mente e perturbam a sua tranquilidade ou atrapalham os seus propósitos. Pois o que é presente e intuitivo, enquanto facilmente apreensível pelo olhar, faz efeito sempre de um só golpe e com todo o seu vigor. Ao contrário, pensamentos e razões requerem tempo e tranquilidade para serem meditados parte por parte, logo, não se pode tê-los a todo o momento e integralmente diante de nós. Em virtude disso, deve-se notar que a visão de uma coisa agradável, à qual renunciamos pela ponderação, ainda nos atrai. Do mesmo modo, somos feridos por um juízo cuja inteira incompetência conhecemos; somos irritados por uma ofensa de carácter reconhecidamente desprezível; e, do mesmo modo, dez razões contra a existência de um perigo caem por terra perante a falsa aparência da sua presença real, e assim por diante. Em tudo se faz valer a irracionalidade originária do nosso ser.

Arthur Schopenhauer, in ''Aforismos para a Sabedoria de Vida'

quinta-feira, agosto 16

um-ltimo copo

o vento sacode as janelas...
(tinha uma idéia presa em minha cabeça.)
podia emcontrar sentido,
podia?
era coisa travosa, amarga,
nem tanto?

cidade agoniza devagarzinho...
(quase que se acredita.)

mas já acabou minha cerveja,
boa noite.

segunda-feira, agosto 13

já passamos dos jogos de palavras
rasgado inebriado
vislumbrando sentidos para demasiadas confusões

soubemos das respostas não ditas -não inteiras- mal interpretadas
voltados para o próprio umbigo, ego sofrido, animal ferido e desconfiado

já encaramos a dor do outro, escondida debaixo da máscara enfeitada e sorridente
dissimulando continentes de pura melancolia

soubemos da busca e da cura mal curada, mal resolvida, ardente, incessante ...
e já vimos a nós mesmos
sem pudores, pormenores...

frágil nossas certezas
rompantes de correr ou se esconder

-me precipício-

ah! minha teimosia,
por você já desconstrui castelos
e de você, eu nada sei...

sábado, agosto 11

Meta linguagem

"Até onde vai a metalinguagem? Nestas horas amargas de lua cheia em que as estrelas nos mostram o passado, me pergunto até onde cabe o falar de si. Não o falar de si tacanho, tal com sou, fui e serei afinal tenho certeza que a trabalhar continuarei... Brincadeiras a parte, há um tom sincero que ressoa em todos os escritores deste lugar: até aonde é sincero o falar de si? É disso que me proponho a dizer neste discurso.
Nos tempos áureos da Coca-Cola a metalinguagem assumiu tamanhos sentidos que se confundiu com o próprio ato de se criar, São tantas "Desconstruções" de conceitos, tantas reformulações do já feito, que sequer sabemos nos colocar no mesmo lugar. Em Salvador da Bahia basta ir ao teatro assistir três companhias diferentes, e poderá ter certeza que verá três idéias diferentes do que é o teatro e do que é o próprio fazer arte, e não falo de mudanças estilísticas apenas, mas sim de reestruturações do próprio fazer arte, se me permitem os Kantianos, da coisa em si. A Primeira vista isto nos parece engraçado e até abobalhado para alguns, mas entretanto os olhos mais aguçados perceberão algo mais profundo, uma mudança eu diria, mas não uma mudança direcionada, e sim uma mudança difusa, nebulosa talvez... Se me permitem o paradoxo, mudança pra lugar algum. Estranho não? E típico do nosso milênio um conceito oco em sua essência que deseja dizer mais do que suas aparências.
A mudança pra lugar algum é tão típica de nossa Pós-modernidade como o pão que comemos o feijão que almoçamos a televisão que assistimos... Mas o que vem a ser tal conceito? O que vem a ser uma mudança pra lugar algum? Digamos esmiuçadamente. É a perda de sentido, é a incessante tendência outrora tecnológica de trocar o novo pelo ainda mais novo, sem um fim que proponha algo verdadeiramente progressista, renovador. A mudança sem ideários que a sustentem, e sim o ideário como sustentação da mudança incessante, o ideario como uma justificativa apenas, como um despesar da consciência. Enfim, é o alucinado ritmo frenético do mudar em nossa sociedade pós-moderna.
E a metalinguagem? a primogênita dos ditos deste discurso é justamente uma das manifestações do ideário que justifica este mudar, sendo mais explicito: é mentira que o justifica, a piada que o acompanha. Nas letras do Marcelo D2 o falar de si assume um sentido modístico em nossa sociedade pós-moderna: o criticar pelo DIZER que crítica e o se afirmar pelo DIZER o que se é, dissocia-se o agir do falar. Nas palavras do pateta: "Eu pego o microfone e vou falando o que eu quiser./ boto a mão nos home vou falando o que eu quiser e ninguém corta a minha onda e vou falando o que eu quiser... e falo mais acompanhado do microfone deixo você pra trás, hip hop raga moorph é o que eu faço...". É o sentido que permeia a metalinguagem no nosso tempo.
Que conclusão tirar? Como bom ser que faz parte do meu tempo afirmo que não sei o que concluir. Seria fácil dizer que a metalinguagem é uma mentira, ou que "estão fazendo um mal uso da metalinguagem", mas tais conclusões moralistas passam longe do buraco que tal discurso nos coloca. Elas mais se aparentam com a visão do bem sempre estar a vencer nas novelas globais. A única conclusão que posso tirar é que é tamanha a loucura do nosso tempo em que uma das mais altas formas de afirmação de si ou de repensar o si, se perdeu em sua essência, aonde isto nos leva? Não sei... Está nos levando..."