segunda-feira, dezembro 25

é uma mudança, uma curva brusca e um cotovelo histórico. a vida se faz assim como se estivesse sem planos, a não ser de interromper e modificar todos os planos anteriores. a vida se faz a gosto e contragosto de uma aspereza indescritivel, sorrisos transbordantes e lágrimas... e a medida que passa, transmuta, germina, nasce toda nova manhã, inaugurando o céu.

o que é uma essência para algo que nasce no ocaso de si mesmo, na paradoxalidade de uma existência finita e "consciente"?

sábado, dezembro 23

soneto da praia sem mar

beiro a ponta do barco sem vela
que me traz à sua praia sem mar
e nesse balançar das caravelas
que me atraquei à te procurar

procuro-te nos mais escondidos lugares
em hequitáres longínquos e enebriantes
tanto a beira do oceano ídilico
quanto aos planos de planaltos estanques

e espero que haja uma hora ínfima
em que eu me arvóre a te achar
nestas terras de beleza infinita

onde espero conseguir te encontrar,
antes de perder-te em hora infinda,
com um bicho (quem sabe?) à te devorar

quinta-feira, dezembro 21

Não volte

Ah, capitão de longo curso,
solitário centro
na auréola do horizonte
que,com navalhas de alísio,
realizais a necropsia
do imorredouro oceano
em busca de flores caídas
em jardins abissais!
Vós, que carregais um coração
despelado pelo sol,
lembrança em formol
do que ficou no cais;
que guiais sem timão
sem sequer olhar para trás,
aonde vais assim negando
a natureza de vossos ancestrais?
Para onde?
Estais perdido, singrando
por entre latitudes
de periecos sem estrelas,
sem norte, errando sobre as vagas
sem espumas do oceano,
como se dessa ausência buscásseis
a calmaria da montanha tibetana.
Que procurais?
Não achastes em aniversários em terra?
Duvidastes da pessoa
por trás do olho mágico?
O florista não arrancara
os espinhos ao vender-lhe a rosa?
Ah, sois muito fraco!
E é difícil dizê-lo, bem sabeis.
Não te quero, capitão.
Morra no mar, só,
O sal lha fará bem.

quarta-feira, dezembro 20

viva maria aparecida!

-campanha natal sem deputados-

domingo, dezembro 17

mito do porvir

Vem surgindo no fim do céu
uma ponte entre nós e o mundo
mas é turvo o encanto que vai
sempre ao léu, verdejar a fundo

Mas o preto velho já dizia
de que nos vale atravessar?
são tantas mentes, ousadias...
será um sonho a mais há acabar

Logo que o dia raiou no outono
surgiu a ponte da nova dor
que no fim de um dia longo
fizeste nascer uma nova flor

mas o amanhã nunca foi ontém
e nem nunca será...
e no fim do proximo inv(f)erno
como sempre hoje será

sábado, dezembro 16

embora passeiam meus olhos
duma caixa para outra
caem, como que dançassem,
e dançam, como que caíssem...

são as areias amareladas da minha juventude
poentes de sentimentos ambíguos
afogando-se em dúvidas.

feito em limo,
bem verdade,
feitiçado pelo vento e coberto pela aurora
andavam minhas corrupções pelo orvalho,
meu humedecer corrosivo
desfazendo-se pelas ondas...

quase parnasiano

Hoje estou parnasiando
e só rimo emparelhando
e os meus metros diretos
são como oasis desertos

palavras como palavra
já não valem minha lavra
e a paisagem nas sacadas
estão nessas rimas pardas

hoje sou metrificador
não mais tranquilizador
e tenho assumido discursos
enquanto rios vão aos refugos

meus versos tem sido ilesos
mas não por isso andam presos
em versos parnasianos
rimas, metros, enganos

quinta-feira, dezembro 14

O dobre dos sinos
O tropel dos cavalos
A bulha das oficinas
Que anunciam?

Um coração magoativo?
Enriquecido de urânio?
Uma caneta sem tinta?
Que noite se esfria?

O mar sem marulho
Uma concha sem mar
O amor sem ódio
Que lágrima se estia?

A já chorada?
A já orvalhada?
Ou a não lembrada
De se chorar ainda?

terça-feira, dezembro 12

A loucura

Foucoult já nos deixou bem claro quanto ao estatuto da loucura. Se nos perguntassemos quanto a estrutura de sua linguagwem sua resposta não seria tão clara, mas falamos de loucura , portanto qual seria o ser que nela se faz? Seria a loucura um ente?
E heidegger a filosofia se faz pela interpelação do ser do ente que se procura. é uma filosofia que, a meu ver, acaba por ser taoísta, pois se concentra no significado independentemente da razão(e também por ser existencialista) se manifeta no sentir, no significado do ente que se manifesta. Mas não seria a filosofia a guarda da ratio? Pois bem, veremos o que a ratio é(que ente é este: razão) para a filosofia.

O que é a ratio em seu modo-de-ser para a filosofia

De cara percebemos que "o ser se manifesta em varios sentidos", como havia sido assinalado por aristoteles, logo este ente ente que apareceu em nossa investigação deve ser delimitado em sua finalidade, no para-o-outro, o que a ratio é para a filosofia. Tal razão nos aparece velada. Primeiro por termos delimitado o que é filosofia, e segundo por não termos em mente o significado da filosofia através dos tempos. Devemos parar em heiddeger, será o ente em seu modo de ser que a filosofia procura?
A esta pergunta não temos como responder conceitualmente, Simplesmente perguntaremos, o que é o ente?
Tal resposta cai num paradoxo. Pois se o ente é deveriamos nos perguntar o que é o ser nesse sentido, mas se "o ser se diz em varios sentidos", diremos, que se ele for se dirá(revelará) em varios sentidos também. Assim um ente abarca uma pluralidades de sentidos em seu modo-de-ser, mas isto não responde a pergunta (o que é o ente?). Ai retrocederemos e perguntaremos "certo, 'o ser se diz em varios pontos'. mas o que é o ser? A isso os filosofos responderam de varios modos através dos tempos, mas em que sentido o ser do ser mudou? Na ação crítica no ato como formação ulterior a potência, na revelação deste ente que é o Ser em sua manifestação filosofica. Pronto descobrimos o que é o ente: um sentido arraigado que produzem atos, para além dele mesmo que se diz em varios sentidos. Assim o ente não(apenas como negação, oposição)
é como essencia, mas no ser criado que ele se manifesta, na ulterioridade, no ir-além. Heiggeger deixou isso bem claro quando cita o her panta de heraclito e na interpelação pelo ser do ente que se manifesta(velado)mas ele coloca o logos como leitgein (recolhimento), como busca da essência ao mesmo tempo que diz "sendo-é", assim o seu projeto historial se revela na manutençãodo passado grego na filosofia.
Heiddeger em sua soberba auto-suficiência não metafísica funda a metafísica do significado. o Ser em heiddeger (não o dasein) é uma re-revelação de um significado passado. ele esquece do sentido variado que o ser produz . Em sua busca pela filosofia promordial esquece-se de aristoteles., em sua indefinição do ente que o interpela no seu modo-de-ser, ele busca a essência, mas o ente não o interpela no, mas por um modo-de- ser(que nem sempre é dado pelo filosofo ou qualquer investigador).
Pois bem respondido o que é o ente resta ainda a duvida, o que é o ser? o ser como o é em sua ulterioridade, mas em essência, não temos como responder. Primeiro por não saber o sentido em que se diz essência e segundo por saber que só se é sendo, mas isto não responde a pergunta.
Assim podemos voltar com algumas impossibilitações o que é a ratio para a filosofia, Sendo esta um ente, esta só o será sendo e seu modo-de-ser será dado pelo filosofo. Assim a filosofia não é a guarda da ratio, mas esta o é em algumas filosofias(deveria ser proibido falar de filosofia no singular). E o engraçado é que heiddeger é um dos fomentadores da retiradada razão como rainha da filosofia, trasnsporta para o significado. Que nem sempre ou quase nunca se produz no seio da razão.

Retorno a questão inicial

Pois bem, a loucura em seu modo de ser não se processa. Acaso a loucura tem um modo de ser?Acaso ela é um ente? a segunda digo categoricamente: sim, ela o é na medida em que é produzida(nomeada) pelo filosofo(ou qulaquer um que a nomeie), mas a primeira só pode ser respondida na medida em que se queira uma não resposta(não repositare), POIS UM MODO IMPLICA EM ALGO DEFINIDO E A LOUCURA É INDEFINIDA, assim a loucura não é em modo, mas em sua antitese ela é justamente a quebra dos modos. A isto foucoult chama de estatuto da loucura, mas ele o faz como outro e assim não define um modo de ser da loucura e sim a faz numa interpretação subjetiva no viés kantiano, (que se interpõe a objeto[e tem como fazer de outra forma?]) ele não a faz de dentro dela por isso não à apreende em sua multiplicidade. Mas apreender a loucura em sua multiplicidade apenas sendo-a? assim a filosofia da loucura só eé possivel esquecendo-se a razão?
aviso importante: neste mirante não é permitido rolar na grama
(sem convidar os outros)

segunda-feira, dezembro 11

campanha reestabelecida

é que a pouco tempo,
não batia muito bem
o medo de qualquer coisa
fazia minha cabeça ôca
rezar por cartilhas do além

é que a pouco tempo
minhas rimas não eram remedio
de minha loucura intempestiva
e eu, que não me bastava,
fazia besteiras com as coisas da vida

e não faz muito tempo
que a minha cachola voltou a girar bem
e eu, que ainda não me basto,
voltei a versar também

sábado, dezembro 9

estudando para prova de filosofia da linguagem


certamente que existe ainda mto a se dizer acerca do caracter social dos conceitos, mas estar a imaginar situações objetivamente determinantes de uma verdade intersubjetiva, constituirá assim um progresso tão grande?
não estaremos tentando superar o cartesianismo através da realização de um projeto que este mesmo foi incapaz de fundamentar?
afinal, o que é mais apelativo, afirmar a subjetividade a partir da idéia de Deus ou a intersubjetividade pela noção de linguagem?

então é isso... regularidade, semelhança, verificação...
essa formula lhe parece nova?

(nunca acredite em quem tiver que criar uma termologia para justificar seu pocionamento.)
os conceitos são sociais, sim, por favor... mas seria este o motivo de sua segurança?
estariam eles em algum departamento público? Ou então em domínios virtuais?

acho que tem é um aqui dentro do meu sapato, incomodando pra caralho.

quarta-feira, dezembro 6

eu e minhas formigas
estavamos de férias
a poesia era (só) uma frase
ecoando na minha cabeça
em busca de sentido

a lápis, ela disse,
são as piores.
não importa quantas páginas
quantos nomes, onde,
meus olhares se apagaram:
estou, imerso, azul escuro,
numa estrela cadente...
mas não são lágrimas que me faltam
(por favor...)
adoraria ser um pouquinho mais burro...
minha sabedoria vem do chão
e pesa mais do que chumbo.

rimas matreiras

o poeta verceja e mente
a cada vez que de contente
acha palavras que alimente
a rima que lhe faltava

o poeta verceja e errra
a cada vez que recomeça
a tentar sem inspiração

e o poema sai-se contente
quando o poeta sai sorridente
por ter aclamado a poesia
que feliz, até lhe sorria
e ainda lhe perrmitia
deita-la à seu papel

poesia bondosa e sedosa
que como mulher manhosa
se faz de facil no começo

terça-feira, dezembro 5

sons entrecortados

artearoeira
novaclareira
terapiautomovel
imovel

glauberocha
laureadogma
incomposta
nãoposta

ciocriacionista
erâtomica
heideggeitlerista

incontestacionalmente
insensatocional
simplesmente

sexta-feira, dezembro 1

Minha menina

Logo Deus mata a sede
E a maré esvazia
Ela corre à praia
Pra se maquiar de sol.

Sobre a areia se deita
Para o retoque à lápis
Ultravioleta nos olhos,
Lábios, pernas e batatas.

A pele se vai pintando
Num tom acasulado
Até atingir o brilho
Quente da crisálida,

E, à noite, vem o vento frio
Bater na cama aquecida
Pra despelar os desejos
Da borboleta na menina.
não tem como ser
nada que não possa
no fim o dia acaba:
é só uma hora torta

e o cão é meio chato,
mas chato é só discordia
e se o cão vier aqui
lhe dou trago de fumo de corda