terça-feira, dezembro 12

A loucura

Foucoult já nos deixou bem claro quanto ao estatuto da loucura. Se nos perguntassemos quanto a estrutura de sua linguagwem sua resposta não seria tão clara, mas falamos de loucura , portanto qual seria o ser que nela se faz? Seria a loucura um ente?
E heidegger a filosofia se faz pela interpelação do ser do ente que se procura. é uma filosofia que, a meu ver, acaba por ser taoísta, pois se concentra no significado independentemente da razão(e também por ser existencialista) se manifeta no sentir, no significado do ente que se manifesta. Mas não seria a filosofia a guarda da ratio? Pois bem, veremos o que a ratio é(que ente é este: razão) para a filosofia.

O que é a ratio em seu modo-de-ser para a filosofia

De cara percebemos que "o ser se manifesta em varios sentidos", como havia sido assinalado por aristoteles, logo este ente ente que apareceu em nossa investigação deve ser delimitado em sua finalidade, no para-o-outro, o que a ratio é para a filosofia. Tal razão nos aparece velada. Primeiro por termos delimitado o que é filosofia, e segundo por não termos em mente o significado da filosofia através dos tempos. Devemos parar em heiddeger, será o ente em seu modo de ser que a filosofia procura?
A esta pergunta não temos como responder conceitualmente, Simplesmente perguntaremos, o que é o ente?
Tal resposta cai num paradoxo. Pois se o ente é deveriamos nos perguntar o que é o ser nesse sentido, mas se "o ser se diz em varios sentidos", diremos, que se ele for se dirá(revelará) em varios sentidos também. Assim um ente abarca uma pluralidades de sentidos em seu modo-de-ser, mas isto não responde a pergunta (o que é o ente?). Ai retrocederemos e perguntaremos "certo, 'o ser se diz em varios pontos'. mas o que é o ser? A isso os filosofos responderam de varios modos através dos tempos, mas em que sentido o ser do ser mudou? Na ação crítica no ato como formação ulterior a potência, na revelação deste ente que é o Ser em sua manifestação filosofica. Pronto descobrimos o que é o ente: um sentido arraigado que produzem atos, para além dele mesmo que se diz em varios sentidos. Assim o ente não(apenas como negação, oposição)
é como essencia, mas no ser criado que ele se manifesta, na ulterioridade, no ir-além. Heiggeger deixou isso bem claro quando cita o her panta de heraclito e na interpelação pelo ser do ente que se manifesta(velado)mas ele coloca o logos como leitgein (recolhimento), como busca da essência ao mesmo tempo que diz "sendo-é", assim o seu projeto historial se revela na manutençãodo passado grego na filosofia.
Heiddeger em sua soberba auto-suficiência não metafísica funda a metafísica do significado. o Ser em heiddeger (não o dasein) é uma re-revelação de um significado passado. ele esquece do sentido variado que o ser produz . Em sua busca pela filosofia promordial esquece-se de aristoteles., em sua indefinição do ente que o interpela no seu modo-de-ser, ele busca a essência, mas o ente não o interpela no, mas por um modo-de- ser(que nem sempre é dado pelo filosofo ou qualquer investigador).
Pois bem respondido o que é o ente resta ainda a duvida, o que é o ser? o ser como o é em sua ulterioridade, mas em essência, não temos como responder. Primeiro por não saber o sentido em que se diz essência e segundo por saber que só se é sendo, mas isto não responde a pergunta.
Assim podemos voltar com algumas impossibilitações o que é a ratio para a filosofia, Sendo esta um ente, esta só o será sendo e seu modo-de-ser será dado pelo filosofo. Assim a filosofia não é a guarda da ratio, mas esta o é em algumas filosofias(deveria ser proibido falar de filosofia no singular). E o engraçado é que heiddeger é um dos fomentadores da retiradada razão como rainha da filosofia, trasnsporta para o significado. Que nem sempre ou quase nunca se produz no seio da razão.

Retorno a questão inicial

Pois bem, a loucura em seu modo de ser não se processa. Acaso a loucura tem um modo de ser?Acaso ela é um ente? a segunda digo categoricamente: sim, ela o é na medida em que é produzida(nomeada) pelo filosofo(ou qulaquer um que a nomeie), mas a primeira só pode ser respondida na medida em que se queira uma não resposta(não repositare), POIS UM MODO IMPLICA EM ALGO DEFINIDO E A LOUCURA É INDEFINIDA, assim a loucura não é em modo, mas em sua antitese ela é justamente a quebra dos modos. A isto foucoult chama de estatuto da loucura, mas ele o faz como outro e assim não define um modo de ser da loucura e sim a faz numa interpretação subjetiva no viés kantiano, (que se interpõe a objeto[e tem como fazer de outra forma?]) ele não a faz de dentro dela por isso não à apreende em sua multiplicidade. Mas apreender a loucura em sua multiplicidade apenas sendo-a? assim a filosofia da loucura só eé possivel esquecendo-se a razão?

5 comentários:

tgroba disse...

Confesso que não entendi muito nao, biel. Mas essas coisas me intrigam também.

Primeiro: seria preciso interpelar o ser dentro do ente.
Ente: razão.
Ser: loucura.
É isso?
Ou poderíamos nos perguntar quem é o primeiro da fila? Ser ou ente?Ou nao tem primeiro da fila?

Sao coisas meio complicadas pra mim. acho que podiamos começar discutindo se em tudo existe essencia: existe essencia em tudo?tanto em substantivos concretos quanto abstratos?
acho que a coisa é por aí....

Gabriel Carvalho disse...

ser do ente, tah no sentido em o que o ente é, ser como verbo transitivo direto sacaou? O ser deo ente, é o modo de ser do ente sacou? no caso a primeira pergunta é o que é a loucura, e a segunda o que é a razão pra a filosofia, clareou melor agora

mas quanto a sua pergunta acredito que não existe essencia nem nos substantivos concretos, e que esta é um significado arraigado socialmente, um arco e flecha pra on indios é usado pra caça e pra nós é usado pra ornamento em nossa casa, qual seria a essencia deste ente em questão? acaso ela tem alguma?

martim disse...

bonito texto biel.
as questões estão bem colocadas, (profundas, eu diria) mas como "representante" da academia, eu recomendaria um pouco mais de cuidado quanto à determinação de certos conceitos e posições filosóficas. nem sempre as palavras são o que parecem; é preciso deixar que elas fermentem na nossa cabeça.

a essência, assim como o ser ou o ente, não se reduz à noção que se constroi historico-socialmente, mas remete tb a uma experiência(ou a uma quantidade indeterminada delas) e uma memória que, na maior parte do tempo, sequer se apresenta no discurso.

é preciso afirmar a loucura para negar a razão?
(boa pergunta.)
será que não seria esta outra maneira de afirmá-la?

Gabriel Carvalho disse...

pode ser martim
afinal acredito que nenhuima de nós aqui é kantiano a ponto de negar ao maximo que a dualidade eh quase uma unidade(um não vive sem o outro), mas o uqe eu me preocupo eh ateh que ponto eh possivel um estudo da loucura
(filosofico, cientifico, psicanalitico) estando a par dela, será possivel o fazer sendo racional?
ou seria nescessario estar dentro dela?

Gabriel Carvalho disse...

e também martim a essencia de certa coisa remete a memoria e experiencia, que também são construções historico sociais, afinal será que pros indios de uma tribo, sem contato com homens brancos, a essencia do relogio estaria em ver as horas?