sábado, novembro 18

Eu e tantos.

Os outros me são eu, de longe, tranqüilo, intocável.
Sou uma fêmea com fecunda prole de mim extraviada pelas ruas.
Uns maduros, alcoólatras, românticos, outros tristes, alegres,
Folhas de caderno avulsas nos bares:
Folhas caídas de meus invernos de menino.

Comia palavras na redação.
A pró era severa: não serás entendido, Tiago. Não se esconda!
As pessoas não têm tempo para adivinhar o que escreve!
Mas eu tinha fome, de mim.
E comia todas as palavras,
me consumia,
me escondia,
quieto,
nos outros.
Hoje como frases, períodos, parágrafos inteiros de mim.
Tranco-me em mim mesmo:
Sou eu e ainda sou alguém,
Não sei mais quem sou,
Em mim nem em ninguém.

3 comentários:

Gabriel Carvalho disse...

não disse que é nos versos mais melancolicos...

tgroba disse...

melalcóolicos hehe

Raiça Bomfim disse...

"...
Olhos meus, olhos alheios
Olhos perdidos, que nem vejo
carregando partes que nem sei de mim.
- É tão difícil encontrar-se por aí-"

Tu se trancando, eu me catando
Tu se comendo, eu me cuspindo
Tu se escondendo, eu em amostrando
E tudo é quase a mesma coisa na "melalcoolia" de quem vai indo e rindo.