terça-feira, setembro 26

João Cabral de Melo Neto

Duas poesias de talvez o maior de nossos poetas.E duas poesias destinadas a outros dois poetas de igual grandeza.

O PERNAMBUCANO MANUEL BANDEIRA

Recifense criado no Rio,
nao pôde lavar-se um resíduo:
não o do sotaque, pois falava
num carioca federativo.
Mas certo sotaque de ser,
acre mas não espinhadiço,
que não pôde desaprender
nem com sulistas nem no exílio.

RESPOSTA A VINICIUS DE MORAES

Não sou um diamante nato
nem consegui cristalizá-lo:
se ele te surge no que faço
será um diamante opaco
de quem por incapaz do vago
quer de toda forma evitá-lo,
senão com o melhor, o claro,
do diamante, com o impacto:
com a pedra, a aresta, com o aço
do diamante industrial, barato,
que incapaz de ser cristal raro
vale pelo que tem de cacto.

Vejo os poemas de Cabral como pedradas.O mestre das pedradas.No título de seu primeiro livro, Educação pela pedra,é possível que ele queira mostrar isso. Mas esses poemas tirei-os de um outro livro seu, Museu de tudo. Atualmente para mim tudo é Joao Cabral,e por isso nao pude deixar de postar estes dois excelentes poemas.
é isso pessoal!

Um comentário:

tgroba disse...

Correçao:Educaçao Pela Pedra nao é seu primeiro livro.Ele iniciou-se no mercado-editorial-poetico com Pedra do Sono