domingo, setembro 17

Orla da memória.

Quando vim morar na Pituba, em 1997, passei a ouvir as historias que meu pai costumava contar sobre as farras que ele fazia por “essas bandas”. Uisquinho no porta luvas, inseparáveis cigarrinhos, turma reunida, gostava de levar umas moças de carro para passar o dia destilando o lirismo dos areais, “pois era só o que tinha lá pra 69, 70”, dizia, “com umas praias que hoje não se vê mais, não essas que estão aí, todas poluídas!” Não havia melhor lugar pra se esquentar com uma menina do que o Jardim dos Namorado, garantia. E o que se vê agora? Um “Jardim dos Assaltados”. A avenida Manoel Dias nem asfalto tinha!, e hoje?: um adolescente morre a cada semana. A cidade veio feito uma locomotiva de edifícios orla a cima levando tudo o que tinha pela frente. Fiquei meio assustado com aquilo, mas não perguntei por que então nos mudamos diante de tantas inconveniência.
Não faz muito a Prefeitura deu o aval para que construtoras pudessem erguer prédios na orla de Salvador, quer dizer, ela liberou o “gabarito da orla”. Números mínimos de andares? Pensou-se em 4, discutiu-se 5 e até se aceitava 6; fixou-se em 12! O que havia parado em 1980 agora está renascendo de fôlego renovado. Não que a orla que vai do Costa Azul até Itapoã, ainda virgens, seja a Pituba de antigamente, não. E muito menos tenho o costume de ir à praia por lá. Mas já prevejo a herança de meu pai(e dos homens): direi a meu futuro filho, olha, aqui tinha uma pista de barro, mas uma pista tão triste que dava pena; mais pra frente tinha uma borracharia que saía a cerveja mais gelada da cidade!....
Ali um circo lúgubre, mas vivo, muito vivo; na altura do parque toda a meninada da área descia pra soltar papagaio..., certamente direi. Não é a Pituba de antigamente, sei, mas não abro mão de nada.

2 comentários:

tgroba disse...

é a pista de bicicross que digo, mas nao disse....
era isso galera!

tgroba disse...

correçao novamente.
nao é numeros minimos de andares, naturalmente, mas sim maximos.
valeu pessoal